ÚLTIMO POST DESTE BLOG.

Este blog morreu. Entenda, ou não, o motivo.

Este blog morreu. Eu já não tenho mais muita motivação para escrever.

Revelo que sou autista, e, como tal, como é comum em autistas, tenho hiperfoco. E bicicleta é um hiperfoco que rendeu esse blog e também minha tese de doutorado. Como autista, eu falo pra dedéu sobre meus hiperfocos, que são vários. Como sou superdotado, não raro minhas falas têm conteúdo.

Mas sou homem, branco, hétero.

Eu entendo e concordo que o Brasil é extremamente machista, racista, homofóbico, mas também capacitista Capacitismo é o preconceito para com pessoas com deficiência. Repito, eu sou autista, diagnosticado, meu diagnóstico está no meu RG. Só fui diagnosticado aos 49 anos, mas sou autista desde que nasci, ou antes, pois o autismo se forma no primeiro terço da gestação, quando não da geração, da fecundação.

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Paris-Roubaix 2021: o caos e a lama

A rainha das clássicas esse ano não decepcionou. 1ª edição feminina, uma enlameada edição masculina, um caos. Delírio pra quem assistiu.

Assim, Tom Paquot (22 anos, Bingoal Pawels Sauces WB), que chegou fora do tempo aos 41 minutos (tempo de corte: 28:57), declarou ao fim: “J’ai cru arrêter 30 fois, mais ma tête ne voulait pas. J’ai fait 150k tout seul dont 50 sans ravito. Dans les 5 derniers kilomètres, j’ai plus pleuré que pendant les 2 dernières années de ma vie” (Pensei em parar 30 vezes, mas minha cabeça não queria. Fiz 150k sozinho, 50 dos quais sem comer. Nos últimos 5 quilômetros chorei mais que nos últimos 2 anos de minha vida. – trad. minha).

Pois desta vez não apenas ciclistas caíram fora da estrada, carro e moto também. Se a prova de 257 km com 30 trechos de pavés – para os homens, ou 116 com 17 trechos de pavés – para as mulheres, é dura o suficiente em tempo seco, no domingo, durante e antes da prova masculina, choveu bastante.

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Randoneiras

Randoneiras são as bicicletas modificadas ou construídas para fazer audaxes, brevets. Vamos entendê-las!

Os audaxes, brevets, começam em 200km. São de 200km, 300km, 400km, 600km, 1000km, 1200, km, 1500km…. São distâncias maiores que das provas de competição de estrada, em sua maioria. Algumas provas de competição clássicas ultrapassam os 200 km de distância, mas não chegam aos 300km.

A média de velocidade exigida nos brevets é baixa: 15 km/h, mas contando o tempo parado nos Postos de Controle, os PCs. Assim, 200km se faz em até 13 horas e meia, 300km em 20 horas, 400km em 27 horas, 600km em 40 horas e assim vai.

Mas os ciclistas que os percorrem são amadores. Não são os profissionais que vivem pra pedalar. Os trajetos costumam ser em asfalto, mas às vezes o asfalto é ruim, às vezes há trechos de paralelepípedos ou terra.

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CALÇADOS PARA PEDALAR

Quem usa pedais de encaixe usa sapatilhas, quem usa pedais comuns usa o quê?

Diavolo Classic de futsal: parece uma sapatilha antiga, anterior aos tacos para pedais de encaixe.

Eu era criança e tinha uma Caloi 10 que era gigante pra mim. Só não pedalava naquela bicicleta descalço, pois o pedal tinha pontas que machucavam o pé. Na bicicleta de algum dos meus irmãos, com pedais com apoios de borracha, eu pedalava descalço também.

Mas eu morava num local quente. Pedalava na minha Caloi 10 com chinelo mesmo. Coisa de criança. Criança usa em suas bicicletas pedais comuns, e tênis de criança. E adulto? Já pedalei até usando sapato social. Estava de terno e bicicleta. Mas quais os calçados melhores pra pedalar?

Bom, antes pedalar com o que se está no pé do que não pedalar. Aí, desde que não seja um pedal de encaixe, vale tudo. É o que a gente vê nas ciclovias das cidades dos países ditos de primeiro mundo.

Mas quem já pedalou com tênis de corrida já teve aquela sensação de que o tênis absorvia bastante da força que se imprime aos pedais. E isso é fato, há desperdício de energia usando-se esse tipo de calçado pra pedalar. Sem falar que são meio trambolhudos e é difícil usar com firma-pé.

No passado, antes da invenção das sapatilhas com tacos pra pedal de encaixe, as sapatilhas dos competidores eram de couro, depois tecidos como lona, e solado quase sempre de couro grosso, praticamente sem nenhum amortecimento. E os pés era presos no pedal principalmente pelo firma-pé. Isso era a regra até mais ou menos o final da década de 1980, quando inventaram os primeiros pedais de encaixe e suas respectivas sapatilhas.

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PEDAL PLATAFORMA: a ressurgência.

Graveleiros e mountainbikers começam a recuperar o uso dos pedais plataforma, e abandonam os pedais clipless. A indústria já percebeu a tendência.

https://www.bikemag.com/gear/components/pedals/konawahwahii/Kona Wah Wah II – clique no link e leia uma uma reportagem sobre esse pedal.

Você, eu e outros que usamos pedais de encaixe já passamos alguma vez na vida por uma situação constrangedora: cair estando parado. Simplesmente por algum motivo qualquer não desclipamos a tempo, e vamos ao chão como uma jaca caindo do pé.

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Uma viagem pra Orcs, Ogros e etc.

3 dias de viagem, bastante subida, não era o que eu tinha planejado, mas a frente fria chegou de jeito.

Eu havia visto a previsão de tempo que dizia que a semana seria de temperaturas cálidas, não frias. Então planejei algo como 4 ou 5 dias de pedal, carregando pouquíssima bagagem. Tudo teria que caber numa bolsa de selim grande, de 9 litros apenas. Bicicleta sem bagageiro, para não pesar.

A bicicleta na estrada, com um mínimo de bagagem.

Inicialmente a ideia era ir com minha Caad8, mas arrebentou um cabo de câmbio horas antes da viagem. Resolvi ir com minha Tricross. O que foi um acerto: os pneus um pouco maiores, de 32mm e não 25mm, comportaram-se melhor nos trechos de asfalto ruim. Mas teria sido um acerto maior ir com minha Litespeed aro 26: marchas leves, pneus de 1,5pol (38mm), posição ainda mais confortável… Mas não fui com ela.

Fiz uma pedalada longa no primeiro dia, uma mais suave no segundo dia, e outra longa, com frio e chuva, no terceiro dia. Vamos a um resuminho, dos erros e acertos.

1º Dia: de São Paulo até Sapucaí Mirim (MG). Minha namorada deixou-me com bicicleta e tudo na Av. Jacú Pêssego, onde ela encontra a rodovia Ayrton Senna (antiga Trabalhadores). Assim evitei o trecho perigoso e urbano da Marginal Tietê e mesmo da própria Ayrton Senna. Era 5h da manhã quando comecei a pedalar. E fui, caminho conhecido: estradona de largos acostamentos, rachados aqui e ali criando saliências que fazem a bicicleta pular. E como boa estrada brasileira, alguma sujeita no acostamento que pode levar a um desavisado tombo. Então, cautela, ainda mais dentro dos limites da iluminação. A bicicleta com uma ótima lanterna, mas nada se compara à luz do dia.

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Bicicleta: o anão e o basquete

Quem de fato é o maior número das pessoas que pedalam?

Esse cara é mais importante para o mercado da bicicleta do que se pensa!

Assim, imagine alguém com nanismo que queira brincar no basquete. Claro, essa pessoa nunca será um profissional da NBA. Mesmo que tenha o melhor equipamento. Mas isso não impede que se divirta com os amigos, jogando basquete. Não vai enterrar, mas pode, sem tomar toco, arremessar da linha de 3 pontos e acertar. Seu basquete nunca terá o nível profissional, mas sempre será uma diversão.

Boa parte das pessoas que pedalam são como esse anão que se diverte no basquete. Não têm o tipo físico dos ciclistas de competição. Muitas estão acima do peso. Muitas têm muito mais do que 20 ou 30 anos.

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Mauro Ribeiro vence no Tour de France: 30 anos!

Pouquíssimos ciclistas brasileiros tiveram a oportunidade de pedalar no Tour de France. Um único brasileiro no seleto grupo dos que venceram uma etapa da competição ciclística mais importante do mundo.

Usando uma bicicleta Libéria, com tubos de aço 4130, e alavancas de quadro, Mauro Ribeiro vence a 9ª etapa do Tour de France de 1991. Note que os demais usam bicicletas com STIs.

Era o ano de 1991. Um jovem prodígio brasileiro no ciclismo amador e depois profissional estava participando do Tour de France. Poder largar num TDF já é um privilégio, pois é preciso ser ciclista de uma das melhores equipes do mundo, pois não pedala no TDF quem quer, mas quem pode.

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Murilo Couto e a piada sem graça

Roupas ridículas, atropelamentos, e a dura vida do ciclista brasileiro vira piada de cunho fascista.

No passado, havia humor machista e racista. Hoje essas peças de humor mais constrangem do que são engraçadas. São conhecidas as peças de humor racista que circulavam na Alemanha na década de 1930 satirizando judeus. No limite, isso deu em Auschwitz.

O século XX foi uma época de instituições “duras”. O século XXI é de instituições “moles”. Bauman fala em modernidade sólida e líquida. Foucault e Deleuze/Guattari falam em sociedade disciplinar e sociedade do controle.

O fascismo não morreu, ele ressurge aqui e ali, com nova roupagem. Mas continua um elogio da força, um elogio do poder. Como força e poder no século XXI são situacionais, “líquidos”, o que temos são pessoas em situação de poder, e pessoas em situação de fragilidade. E isso se reproduz internamente em todas as classes sociais.

O pedestre tem seu espaço territorializado que é a calçada, onde a bicicleta só pode circular, por força de lei, por autorização da autoridade competente e com preferência para o pedestre. O resto é a rua, e em alguns locais há estrutura de ciclofaixas e ciclovias onde deve circular a bicicleta, protegida. Mas na ampla maioria do espaço viário, o ciclista divide o espaço com o motorista.

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Pedal Ogro? Pedal Goblin no Tour da Roça!

Era pra ser um pedal tranquilo, mas estava doente. Todavia isso não é desculpa pra não pedalar. Afinal, somos ogros, goblins, hobgoblins, hobbits, pixies e etc.

Sandália/Papete com taquinhos. Muito, mas muito confortável, e toda regulável com velcros. Uma ótima opção pra cicloturismo. Não é muito leve.

Estamos em uma pandemia. Inobstante já ter tomado uma dose da vacina anti-Covid, não me sinto à vontade a sair por aí pedalando pra tudo quanto é lugar, e obviamente, estando recolhido em casa estou sedentário. No entanto, resolvi fazer mais um pedal longo, e esse é o relato.

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