Uma viagem pra Orcs, Ogros e etc.

3 dias de viagem, bastante subida, não era o que eu tinha planejado, mas a frente fria chegou de jeito.

Eu havia visto a previsão de tempo que dizia que a semana seria de temperaturas cálidas, não frias. Então planejei algo como 4 ou 5 dias de pedal, carregando pouquíssima bagagem. Tudo teria que caber numa bolsa de selim grande, de 9 litros apenas. Bicicleta sem bagageiro, para não pesar.

A bicicleta na estrada, com um mínimo de bagagem.

Inicialmente a ideia era ir com minha Caad8, mas arrebentou um cabo de câmbio horas antes da viagem. Resolvi ir com minha Tricross. O que foi um acerto: os pneus um pouco maiores, de 32mm e não 25mm, comportaram-se melhor nos trechos de asfalto ruim. Mas teria sido um acerto maior ir com minha Litespeed aro 26: marchas leves, pneus de 1,5pol (38mm), posição ainda mais confortável… Mas não fui com ela.

Fiz uma pedalada longa no primeiro dia, uma mais suave no segundo dia, e outra longa, com frio e chuva, no terceiro dia. Vamos a um resuminho, dos erros e acertos.

1º Dia: de São Paulo até Sapucaí Mirim (MG). Minha namorada deixou-me com bicicleta e tudo na Av. Jacú Pêssego, onde ela encontra a rodovia Ayrton Senna (antiga Trabalhadores). Assim evitei o trecho perigoso e urbano da Marginal Tietê e mesmo da própria Ayrton Senna. Era 5h da manhã quando comecei a pedalar. E fui, caminho conhecido: estradona de largos acostamentos, rachados aqui e ali criando saliências que fazem a bicicleta pular. E como boa estrada brasileira, alguma sujeita no acostamento que pode levar a um desavisado tombo. Então, cautela, ainda mais dentro dos limites da iluminação. A bicicleta com uma ótima lanterna, mas nada se compara à luz do dia.

Amanheci pedalando, o sol começava a se fazer presente quando eu passava pelo marco do Trópico de Capricórnio. Fiz uma pausa prum café num posto da beira da estrada: comprei um isotônico e comi dois pedaços de pizza fria que eu estava carregando. E eu segui pela estrada, enxergando melhor à luz do dia, o que permitia, por exemplo, soltar a bicicleta nas descidas com mais segurança. A estrada é de um sobe e desce interminável, mas nada com inclinação muito acentuada, o que permite alguma velocidade nas subidas. Eram cerca de meio dia quando cheguei a São José dos Campos, após sair da Carvalho Pinto e pegar a Tamoios. Em São José dos Campos, cai na besteira de seguir as placas que indicavam Monteiro Lobato: só avenidonas rápidas e inseguras, eu tomando finas diversas. Parei numa lanchonete, comi um lanche. E segui adiante, atravessando a cidade e pegando a Monteiro Lobato, rodovia que me levaria ao sul de Minas Gerais.

Amanhecendo na estrada.

Era o meio da tarde quando parei na cidadezinha de Monteiro Lobato. Ali, num bar, tomei outro isotônico. O dia estava quente. E eu tendo ideia das pirambas que viriam à frente, sabia da possibilidade de cãibras, o que eu queria evitar a todo custo.

Enquanto tomava o isotônico, um doidinho da cidade, pelo jeito bem conhecido, veio conversar comigo. Queria saber das minhas aventuras. Conversei um pouco, ele foi embora depois, o dono do bar contou-me que ele não batia bem da cabeça, e eu contei que sou para-raios de doido. Tenho muita paciência com pessoas com transtornos e deficiências mentais. Entro na conversa, dou atenção. Não foi diferente ali.

Mas segui no sobe e desce da Monteiro Lobato, mais sobe do que desce, até que veio a serrinha, a subidinha de 6 km. Mas antes um amontoado de casas ao final duma subida, onde parei pra descansar e mandei ver em 2 isotônicos. Sim, dois. Sentia algo nas pernas, imaginei que fosse cãibra vindo.

Mas segui adiante.

A Monteiro Lobato, a rodovia, é estreita, sem acostamento, em com carros passando aqui e ali, não dá pra ficar subindo em zigue-zague, fazendo cobrinha. Subi retinho, pela lateral da estrada. Onde o asfalto fica mais sujo.

Em vários trechos da subida, obras de manutenção, o que fazia com que o trânsito ficasse num esquema pare e ande: uma parte dos veículos espera enquanto os que vêm em sentido contrário trafegam pelo trecho, e vice-versa. Num desses trechos, um funcionário me orientou para ir na contramão (???) para ver os carros de frente. Claro que não segui a orientação.

6 km de subida. Cansava, mas eu não empurrava, pedalava. Pedalava a 6 km/h, mas pedalava. Importante ter marchas pra subida: melhor subir a 6 km/h do que empurrando a 4 km/h, que é a velocidade média de uma pessoa andando. Esses míseros 2 km/h de diferença, num trecho de 6 km de comprimento, é a diferença entre subir por uma hora ou por uma hora e meia. Não adianta nada depois querer se esgoelar nas descidas, correndo risco. Deve-se subir o melhor possível dentro das próprias possibilidades, pois não é uma corrida, mas um passeio.

Subi, subi usando a marcha mais leve da bicicleta, uma relação 30 x 40, que na minha Tricross, dado o tamanho da roda, me dá 1,6m de deslocamento por pedalada, o que é uma marcha leve mas não tão leve quando a marcha mais leve da minha MTB aro 26.Mas nessa serra, se usei bastante essa marcha, não precisei também fazer força demais nos pedais para subir. Subi lento, mas subi. E depois, várias descidas, até o trevo, e daí a estradinha que nos leva a Sapucaí-Mirim (onde parei) e São Bento do Sapucaí. Sapucaí-Mirim é MG, São Bento do Sapucaí é SP. Ambas aos pés de Campos do Jordão.

Na divisa dos estados.

Na subida da serra, comecei a sentir duro e dolorido o tendão de Aquiles do pé esquerdo, mas não dei bola, Não era nada de mais preocupante àquele momento. Em Sapucaí-Mirim, como das outras vezes, fiquei na simplérrima pousada Chagrilá, do seu Antônio. Bem simples, mas para um alérgico como eu, os cobertores não me fecham o nariz, o que pra mim é uma qualidade incrível.

Tomei um banho e no banho lavei as roupas que usei pra pedalar. Eu não levei roupas extras, a não ser para à noite sair para comer. Tudo pra não carregar peso. Só levei um pedacinho de sabão. E pedalei de papete clipless, da Shimano, que nunca me deu problema. Já tive problemas com sapatilhas, de me machucarem. Essa papete é confortável, mas é clipada, né? Falaremos disso adiante.

Saí pra comer. Fui na lanchonete que sempre visitei desde a primeira vez que fiquei em Sapucaí-Mirim. O nome já mudou, já reformaram, mas as pessoas que fazem os lanches são as mesmas, e o o cardápio mudou o formato, mas os sanduíches não. Comi um sanduíche chamado “à moda da casa”, com tudo duplo: dois hambúrgueres, dois ovos, duas salsichas, presunto e queijo, batata palha e salada que, como nos sanduíches do interior, tem até milho. Essa bomba calórica mais 1 litro de refrigerante era pra me deixar sem fome até o dia seguinte.

2º dia: pois no dia seguinte acordei com o estômago roncando, pouco antes do despertador tocar. Tomei o café da manhã simples e fui arrumar minhas coisas pra sair. A roupa lavada na véspera, como era de se esperar, não secara totalmente. Ok, secaria no corpo. Mas vou mudar a bicicleta de lugar e percebo o pneu traseiro furado.

Putz! Schwalbe Marathon furado? Coisa rara. Mas coisas raras acontecem naquela região, que tenho certeza, é terra de saci. Fiquei bravo, e com preguiça de trocar tudo, fui a uma das duas bicicletarias da cidade. Não remendavam furos, mas tinham câmara pra minha bicicleta. O melhor, o pneu sairia calibradinho, e não enchido no braço pela minha bombinha de ar. Pois o que furou o pneu foi um araminho que entrou 6 – seis! – milímetros pneu adentro, furando o pneu – que é borrachudo e tem uma camada de borracha dura de 3 ou 4 mm, e a fita anti-furo. O rapaz que consertou espantou-se um pouco com o tamanho do araminho, pois tava só uma pontinha pra dentro do pneu. O pneu realmente é muito grosso. Mas só pneu maciço é à prova de furos, fora isso não tem pneu a prova de saci. E na minha Tricross, dada a espessura do pneu, 32mm, não tem a camada protetiva tão espessa quando nos pneus 1,5 pol. da minha MTB, que são tão borrachudos que pesam quase 1 kg: cada pneu. Ali na MTB são Schwalbe Marathon Plus, e estes nunca furaram.

Eu sei que na bicicletaria logo apareceu o dono, o avô do mecânico que me atendera, e começamos a conversar, ele se encantou com minha bicicleta, que não era uma estradeira, não era uma MTB e tinha elemento das duas. Ganhou ele uma estradeira do filho, está adorando a bicicleta mas o guidão é muito baixo para ele. Gostou da ideia de colocar um extensor de espiga. Afinal, quem pedala aos 72 anos pode usar o fit que quiser, nada é heresia.

No final, eram 9h30m quando saí de Sapucaí Mirim. De lá, iria até Aparecida, e cortei caminho por dentro, por uma estradinha calçada com lajotas hexagonais. A primeira vez que passei nessa estradinha, em 2013, ela era de terra. Agora pavimentada. Claro que dei uma parada pra fotografar a fachada do famoso mercadinho local, o Carrefúlvio.

Tá aí a prova!

Segui pelas estradinhas locais ali de São Bento do Sapucaí e Santo Antônio do Pinhal. Juro que senti falta das marchas da minha MTB. De vez em quando alguma subida bem íngreme, aquela na qual usamos marcha mais leve e ainda fazemos força. PQP! Bom, eu conhecia esse trecho, com subidas tão ou mais íngremes que as paredes do bairro de Perdizes, em São Paulo. E mais longas.

Mas passei por elas, segui por Santo Antônio do Pinhal, e num trecho usei uma ciclovia que parecer estar em construção, passando por vegetação. Chequei nos limites da cidade, na Estação Eugênio Lefévre. Ali fica a divisa de de Santo Antônio do Pinhal e o território imenso de Pindamonhangaba. Eram cerca de 11h.

A placa da estação.

Desci por trás da estação, num caminho do meio do mato indicado pelo Google Maps e caí na estrada da Serra de Campos, a conhecida “serra nova”.

Desci a estrada, prestando atenção no acostamento ora bom, ora péssimo, cheio de buracos perigosos. Não dá pra soltar a bicicleta ali, freios necessários. Só no trecho final da descida dá pra soltar a bicicleta. Logo adiante, peguei a estrada pra Pindamonhangaba. Ela é relativamente plana. Delícia pra se pedalar. Às 13h aproximadamente eu estava já nos arredores de Pindamonhangaba. Parei numa banquinha que vende caldo de cana e tomei caldo de cana até passar mal, literalmente. Tomei 2 litros, mais do que o meu estômago suporta, acabei vomitando um pouco depois que voltei a pedalar. Mas o mal estar passou rápido, e aquela injeção de calorias que o caldo de cana contém me deram energia para pedalar o resto do caminho. Que não era muita coisa, até Aparecida.

Aparecida, dado o turismo religioso, tem uma ampla rede hoteleira, e eu pensava num banho o caminho inteiro, por onde segui. O dia estava quente, e seco: o suor evaporava rápido, a boca ficando seca, lábios ressecados. Mas havia algo pior: aquela dorzinha no tendão de Aquiles esquerdo, acompanhou-me no trajeto inteiro, desde a manhã, quando comecei a pedalar. E isso me deixava mais lento do que eu gostaria.

Eram cerca de 16h quando adentrei Aparecida, pelos bairros. Logo achei uma farmácia, comprei um anti-inflamatório e um analgésico. Mas eram cerca de 16h: 30m quando cheguei ao Santuário. Adentrei. Fiz lá minhas orações, tirei fotos, renovei o estoque de fitinhas para distribuir.

No santuário.

Lá sentei nas escadas da igreja, pequei uma caramanhola e tomei água. Depois atravessei o grande espaço pra comprar as fitinhas, e percebo a falta duma caramanhola. Voltei correndo onde estiver antes e estava lá me esperando a caramanhola azul.

Saí do Santuário e procurei um hotel, acabei ficando num lugar chamado Hotel do Porto, onde me deixaram colocar a bicicleta dentro do quarto. Local barato e muito limpinho. Fui tomar banho e lavar minha roupa de pedalar. Claro, já me entupi de remédios. Banho tomado, roupinha lavada esticada no cabide, saí pra comer.

Fui a um restaurante/lanchonete/pizzaria onde comi um sanduíche gigante. E uma jarra de suco de laranja. Comi, o imenso sanduíche e as batatas fritas todas. Estava com bastante fome.

Voltei pro hotel e dormi antes das 22h. Durante a noite percebi chuva. E no dia seguinte acordei de novo com fome, antes do despertador.

3º dia. A chuva era constante. Tomei café da manhã reforçado, vesti a roupa não totalmente seca e coloquei um corta-vento. Era todo meu agasalho. O celular indicava a temperatura de 16 graus, o que não era tão frio. E no momento que comecei a pedalar, a chuva fina tinha parado, o que alimentou meu otimismo: por 100m, pois recomeçou a chuva fina logo que dei as primeiras pedaladas.

A chuva fina perseguiu-me por mais de 100km. Primeiro pela Dutra, e pela Oswaldo Cruz, e pela Carvalho Pinto.

Pedalei primeiro pela Dutra. Perigosa Dutra. Num trecho, faltou acostamento, transformado em terceira faixa para os caminhões darem passagem aos carros. Subi pelo cantinho até a metade, pois na segunda metade havia uma calha por onde pedalei. Foi um alívio, pois os caminhões passavam bem perto.

Ao lado da estrada, uma calha pra chuva, onde pedalei.

Até Taubaté fui pela Dutra, ali peguei a Oswaldo Cruz, e então cheguei à Carvalho Pinto, e o sobe e desce recomeçou. E a temperatura baixando, pois eu pedalava em direção à frente fria.

Eu encharcado. Mal agasalhado. Nas descidas, um frio desgraçado, melhorava um pouco nas subidas, onde eu estava mais lento e fazendo força, o que esquentava meu corpo.

Almocei um lanche no primeiro posto da estrada no sentido Aparecida – São Paulo. Esfriou meu corpo quando parei. Quando voltei a pedalar, eu tremia. E tremendo eu todo, a bicicleta tremia. A primeira descida, antes de voltar a esquentar um pouco o corpo, foi perigosa, com os braços tremendo.

Mas segui adiante, com frio. Por volta das 16h parei num segundo posto. Lugar quentinho. Tomei um café, comi um salgado. Não queria sair dali, mas tinha que sair rápido antes do corpo esfriar demais.

E com o frio, o tendão de Aquiles esquerdo doía, inobstante a medicação que estava tomando.

Em Taubaté, encharcado.

E aquela chuvinha gelada minando meu humor.

Mas já perto de pegar a SP-060 que me levaria a Mogi das Cruzes, a chuva parou. O frio não parou, mas o fato de eu secar o corpo melhorou consideravelmente minha situação. A essa hora já havia anoitecido.

Peguei o acesso à Dom Pedro, pra nela circular por um quilômetro e acessar a SP-060. A essa altura o freio da minha bicicleta já era. O freio traseiro todo gasto, o dianteiro funcionando um pouco. V-brakes precisam de boas sapatas pra resistirem a um dia inteiro de chuva. E não era o caso. Saudades da minha MTB.

A SP-060 é uma estrada antiga com vários nomes. Segui por cerca de 44 ou 45 km por ela. E subidas, subidas, subidas, subidas, subidas. Pela sujeira de um dia de chuva nos cabos, os câmbios não trocando marchas direito. Não é por acaso que MTBs possuem cabeamento passando pela parte de cima do quadro, para evitar que a sujeira atrapalhe seu funcionamento.

E era noite. Dada a chuva, o acostamento com muito vegetação caída: folhas e sobretudo galhos. A iluminação da bicicleta é boa, uma forte lanterna, mas não se iguala à luz do dia. Tanto que num dado momento avaliei mal o degrau no asfalto a ultrapassar, e a roda não subiu, e eu fui ao chão. Pedalando clipado, claro que o joelho foi direto pro asfalto. Joelho esquerdo. Ralado e um pouco inchado.

Num dado momento o Google Maps dizia faltar pouco mais de 30 km e que eu levaria pouco mais de duas horas pra seguir. Um alento, desmentido pelos fatos. Eu lento, a bicicleta não trocando marchas direito, cuidado nas descidas pela falta de freios e menor visão do piso. Tudo me retardava. E a dorzinha FDP aumentando, e começando também no tendão de Aquiles do pé direito. Pra aliviar, eu desclipava, e mudava a posição do pé.

Segui, assim miseravelmente, por quilômetros a fio. E as horas avançando. Temia não chegar à Mogi a tempo de pegar o trem que me traria São Paulo. E o frio aumentando.

Mas superando cada subida, sentindo falta da minha MTB, acabei chegando aos arredores de Mogi. E chegando ao perímetro urbano, com ele a iluminação de rua. Acelerei, rodei por grandes avenidas, até que cheguei na estação Estudantes. Eram cerca de 23h. Eu havia saído de Aparecida às 9h. Levei 14 horas pra fazer cerca de 140 km. Uma média absurdamente baixa.

No primeiro dia pedalei por 157,650 km. No segundo dia, o mais leve, por 79,800 km. No terceiro dia, 141,760 km.

Pedalei portanto 379,210 km. No geral, minha média foi lenta. Afinal, não sou mais jovem, estou acima do peso, e sedentário pela pandemia. A culpa não é da bicicleta, leve, e que suportou os abusos das condições climáticas do terceiro dia.

A altimetria dos trechos, mesmo do segundo dia, é pesada por vezes. Pede marchas leves. Mas se não há subidas, não há paisagens a se ver. Faria tudo de novo? Sim, em outras condições climáticas. Foi burrice pedalar no terceiro dia, no lugar de pegar um ônibus pra São Paulo? Foi sim, acabei por me expor demais ao frio. Mas quem é mais orc do que humano, toma decisões erradas.

Quanto às sapatilhas e pedais de encaixe, vou reconsiderar muito bem seu uso. Uso clipless há mais de 20 anos, sem enfrentar problemas a não ser uma ou outra sapatilha inadequada ao meu pé. Mas já fui alertado por ortopedista que pedalar com o pé sempre na mesma posição, por mais ergonômica que seja, pode mesmo assim levar a lesão de esforço repetitivo.

Por outro lado, há muita gente abandonando os pedais de encaixe, por vários motivos. Muita gente do bikepacking tem usado os pedais comuns. Já viajei com pedais comuns, e gostei.

São pedaladas diferentes, clipado e desclipado. E hoje sabemos que a pedalada girada é mito. Um bom pedal plano, com bastante agarre, ou seja, com pinos ou cravos que grudem no calçado, permitem uma pedalada muito boa.

Por outro lado, o pé livre pode modificar sua posição em caso de dor, que pode se dar por diversos motivos, até pela própria anatomia do ciclista. Eu já tive meu pé esquerdo esmagado. E se isso mudou um pouco a posição como eu pedalo? Não sei. Só sei que nesse pedal eu aliviava a dor desclipando. Note, essa papete nunca deu problema, sempre foi meu calçado pra pedalar clipado mais confortável. Mas uma vez clipado, se faz o movimento de uma única forma. Talvez eu precise de mais opções de pisada no pedal.

Eu pensava em tudo isso enquanto estava no trem e depois no metrô pra voltar para casa. Desci na Barra Funda, pedalei com frio pela parte plana do trajeto, e nas subidas perto de casa empurrei a bicicleta. E foi um alívio chegar em casa, tudo quentinho, tomar um bom banho quente e ficar debaixo dos cobertores. E dormir bem, sonhando com novos pedais.

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