Roupas ridículas, atropelamentos, e a dura vida do ciclista brasileiro vira piada de cunho fascista.
No passado, havia humor machista e racista. Hoje essas peças de humor mais constrangem do que são engraçadas. São conhecidas as peças de humor racista que circulavam na Alemanha na década de 1930 satirizando judeus. No limite, isso deu em Auschwitz.
O século XX foi uma época de instituições “duras”. O século XXI é de instituições “moles”. Bauman fala em modernidade sólida e líquida. Foucault e Deleuze/Guattari falam em sociedade disciplinar e sociedade do controle.
O fascismo não morreu, ele ressurge aqui e ali, com nova roupagem. Mas continua um elogio da força, um elogio do poder. Como força e poder no século XXI são situacionais, “líquidos”, o que temos são pessoas em situação de poder, e pessoas em situação de fragilidade. E isso se reproduz internamente em todas as classes sociais.
O pedestre tem seu espaço territorializado que é a calçada, onde a bicicleta só pode circular, por força de lei, por autorização da autoridade competente e com preferência para o pedestre. O resto é a rua, e em alguns locais há estrutura de ciclofaixas e ciclovias onde deve circular a bicicleta, protegida. Mas na ampla maioria do espaço viário, o ciclista divide o espaço com o motorista.
Continuar lendo