Cláudio Clarindo: sua morte atinge a todos!

o brutal assassinato do ultraciclista Cláudio Clarindo, em 25 de janeiro de 2016, enquanto treinava numa estrada paulista, atinge a todos os ciclistas. é hora de unificarmos nossas lutas. um motorista insano mata qualquer ciclista: seja um atleta treinando, seja um trabalhador indo ao seu emprego, seja alguém que esteja num passeio noturno, seja um cicloturista.

Cláudio Clarindo. Foto: Bikemagazine.

Cláudio Clarindo, como qualquer atleta da bicicleta, treinava numa via pública quando foi brutalmente assassinado num atropelamento.

Todos nós ciclistas, quem quer sejamos, estamos sujeitos a isso.

Quem pratica downhill desce em pistas específicas, mas sai delas e retorna ao topo. E n”ao apenas pratica downhill, também pedala por aí.

Mountainbikers pedalam em singletracks, mas antes usam estradas de terra e até asfaltadas para chegar às trilhas.

Pisteiros não raro vão pedalando até os velódromos. E algum treino de estrada faz parte de suas rotinas.

Cicloturistas percorrem todas as estradas.

Commuters usam suas bicicletas em seus trajetos diários.

Pessoas pegam suas bicicletas e vão a alegres passeios noturnos, em grupos.

Novatos ficam apenas nas ciclofaixas dominicais, protegidos por simples cones.

Todos nós, que estamos em bicicletas, estamos sujeitos à violência das pessoas em seus veículos motorizados.  Todos nós, que estamos de alguma forma exercitando nosso pedacinho de liberdade que é o ir e vir, causando o menor dano possível ao meio ambiente, estamos sujeitos a essa violência.

É hora de dar um basta. É hora de cobramos do poder público, seja quem for, que cumpra suas responsabilidades.

Nas cidades, estamos cobrando das prefeituras. Mas nas estradas, a competência é do governo federal nas estradas federais, e dos governos dos estados, nas estradas estaduais.

E todos eles, Municipalidades, Estados, União Federal, são omissos no que tange à segurança de pedestres e ciclistas, principalmente nas estradas.

Agem como se pedalar ou andar numa rodovia fosse algo raro e impensável, esquecendo que o ir e vir caracteriza-se por permitir que se possa ir pelos próprios meios, não motorizados, aonde se quiser: o CTB regula como pedestres devem andar nos acostamentos, bem como como bicicletas trafegam em acostamentos, e nas estradas onde ele não existe, como deve ser feito esse trafegar.

Pois não e pode negar a ninguém poder sair andando por aí, nas vias públicas, seja a pé, seja em sua bicicleta. É direito constitucional, fundamental, amparado por diversas convenções internacionais: ir e vir, a forma mais básica de liberdade.

É essa liberdade que exercemos em nossas bicicletas. A liberdade de ir e vir que não fere ninguém: não matamos por atropelamento, nem por envenenamento dos pulmões alheios.

Não é, portanto, nem um pouco justo que sejamos penalizados por isso! Não podemos ser penalizados por exercer o ir e vir menos danoso possível!

Pois não somos atropelados apenas por motoristas, mas também por órgãos estatais omissos!

Em Florianóplis, a SC-401 coleciona ciclistas atropelados e mortos. A mais recente é a mãe de família, trabalhadora, esposa e mão de dois filhos, Simoni Bridi. Leia aqui sobre o que aconteceu a essa linda moça quando voltava do trabalho.

Mas na mesma rodovia, em 27 de dezembro de 2015, um outro ciclista teve a vida ceifada. Róger Bittencourt, 49 anos! O que fazia de errado senão trafegar nos limites da lei? 

No caso de Cláudio Clarindo, leia o relato de uma testemunha ocular:

depoimento no Facebook de testemunha do atropelamento de Cláudio Clarindo.

depoimento no Facebook de testemunha do atropelamento de Cláudio Clarindo.

Passou da hora de todos os segmentos da bicicleta se unirem na luta contra a violência. Seja esporte, lazer ou transporte. Somos todos ciclistas, com capacete ou sem, com bicicletas cara sou baratas, com pneus finos ou largos!

Seja você, ciclista, seja quem for, militante pela segurança cicloviária. Todo espaço é espaço de luta. Se não pode ir a uma manifestação, promova-a. Ou abstenha de criticar quem de alguma forma luta pela proteção da vida aos não ciclistas.

Sempre que conversar com alguma autoridade, lembre-a dos deveres da organização estatal para com a proteção dos ciclistas. Sempre que um parente ou amigo que reclamar de um ciclista na via, confronte-o.  Sempre que algum babaca reclamar de radares, lembre-o que velocidade motorizada mata!

Todo espaço é espaço de luta. Não tema ser chamado de ciclochato. Todo militante de uma causa assim é visto, mas militamos apenas por uma coisa: pela proteção à vida. Quem pode ser contra?

Pois lembre: nenhuma morte de ciclista é justa. Esteja com capacete ou não, esteja com luzes ou não.

Pois somos todos Claudo Clarindo, somos todos Simoni Bridi, somos todos Róger Bittencourt, somos todos Julie Dias, somos todos Antonio Bertolucci, somos todos Márcia Prado, somos todos ciclistas, somos todos vítimas da omissão estatal e da violência de pessoas em veículos motorizados.

Isso tem que parar, e não bastam ciclovias, não bastam paraciclos. É preciso sim a fiscalização forte dos órgãos estatais no cumprimento das regras de trânsito por parte de quem mais oferece perigo: o motorizado.  Pois seja o ciclista ou o motorista que passe no sinal vermelho, é o ciclista que morre.

E não é guerra quando só se morre do lado de cá, é massacre.

Que isso pare! Chega de massacre! Chega de atropelamentos, chega de indiferença de motoristas, órgãos públicos, imprensa!

Que lembremos todos: quem atropela não é o carro ou o caminhão, é o motorista! Não é a bicicleta que colide com o ônibus, é o ciclista que é atropelado!

Lutemos, agora, sem descanso! Pois se absurdos como esse desse link ainda acontecem, é por que o a organização estatal se omite!

Chega! Que cada ciclista seja um guerreiro nessa luta pela defesa da vida! A luta mais justa da dita guerra do trânsito.

Lembre: todo espaço é campo de batalha, e toda ferramenta é arma se você a segurar corretamente.

Que nenhum ciclista se omita. Pois só queremos uma coisa: pedalar em paz e chegar vivos em casa. Nada mais. É querer muito? É o mínimo.

Lutemos, pois!

 

 

3 Respostas para “Cláudio Clarindo: sua morte atinge a todos!

  1. E um absurdo tbem ultilizo a bike para tudo lazer transporte. Competição. E nao vou deixar de usar por causa de assassinos ao volante ou governantes omissos. E a impunidade que rege nosso pais. Tive a oportunidade de conhecer o claudio clarindo durante nossa aventura do cristo redentor ate o cristo luz, em balneario camboriu sc.que fizemos ha 2 semana aonde pedalamos na sua cia do Guarujá a santos simplicidade total. Ficamos completamente chocados com a noticia. E. Cansado de ver tantos colegas de pedal terem suas vidas interrompidas, por estes criminosos ao volante. Temos que fazer pressão e mudar esta lei estúpida, que estimula, estes bandidos que é a certeza da impunidade!

  2. Perfeito, parabéns pelo seu texto!

  3. Se engana quem pensa que Deus perdoa tudo, a morte vem para todos o nosso colega ciclista foi vitima do bem não fez maldade.
    Só iremos compreender a morte quando irmos para vida, aqui não tem justiça porque é feita pelo homem, mas ela tem que existir.
    Clairtom

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