freios a disco em speeds

freios a disco em speeds… ora, por que não pensaram nisso antes? afinal, são freios bons! é isso que muita gente pensa, né?

gary fisher 29″. o freio segurou o disco, o seat stay esquerdo não aguentou a torção.

não é bem assim. não é só uma questão de adaptar.

speeds, as road-bikes, as estradeiras, foram e ainda são projetadas para receber as forças de frenagem em pontos específicos onde hoje se instalam os freios tipo pinça, ferradura.

é naqueles pontos do quadro que agem as forças envolvidas na frenagem.

se essas forças são aplicadas em outros pontos, pode acontecer rupturas, por exemplo.

garfo de ciclo-cross… o freio segurou o disco, a gancheira esquerda soltou-se.

claro, se se trata de adaptar freios a disco numa antiga mountain bike de aço carbono, esses problemas talvez não apareçam. pesado, resistente, e ainda mais com pneus mais largos, desenvolvendo velocidade menor, essa é uma alteração fácil.

mas nas estradeiras? são projetadas para se ter o mínio de material em determinados pontos. por exemplo, as gancheiras traseiras do quadro recebem bem as forças de sustentação da roda, e uma força de torção em razão da corrente estar de um lado da roda. o garfo recebe o peso sobre o eixo da roda, e pancadas, de forma simétrica.

no caso dos freios a disco, junto com a frenagem há uma força torcional fortíssima, em razão do disco estar em um lado da roda. diferente das ferraduras, que aplicam as forças de frenagem igualmente em ambos os lados da roda, no seu centro, no aro….

esses detalhes por si só já implicam em reforços fortíssimos nos quadros e garfos para evitar quebras.

esse é o primeiro aspecto.

o segundo aspecto é a frenagem em si.

estradeiras precisam de freios que funcionem muito bem por muito tempo. freios de ciclo-cross, a disco, mecânicos, compatíveis com os STIs atuais, não foram projetados para longas descidas. no ciclo-cross os trajetos onde se freiam são curtos, e as bicicletas não estão a mais de 70 kms por hora.

rotor ashima ai2. pode ser excelente para ciclo-cross ou mesmo MTB XC. a cor mostra como aqueceu na estrada, no acidente sofrido pelo repórter da bike rumor.

compare com a descida do stelvio, do mont ventoux… ou mesmo a descida da serra de campos do jordão, ou algumas serras de santa catarina. falo de descidas com mais de 20 ou 30 kms, com curvas, com locais onde a bicicleta acelera e se não controlarmos é muito fácil passar de 100 kms por hora.

não há equivalente a esse exigência no mountain-bike. mesmo no caso do downhill, onde as bicicletas chegam a passar de 70 kms por hora, não é por longos períodos. assim, no downhill, superaquecimento é algo raro, impensável, mas algo que já se experimentou em bicicletas de estrada com freios a disco.

a segunda questão é o freio em si. rotores bem maiores demoram mais a aquecer. rotores menores, portanto mais leves, aquecem bem mais rápido. a questão é que todas as atuais opções para solucionar problemas de aquecimento e eficiência implicam em aumento de peso.

bicicletas de competição pesam 6,8 kg ou até menos (e para entrar em competições da UCI recebem lastro para chegar a esse peso mínimo), mas ninguém quer competir num pelotão pro tour com uma bicicleta de 9 kg, sendo que faz 30 anos ou mais que as bicicletas pro pesam menos que isso.

a indústria de aros reza para que o freio a disco se desenvolva. assim os aros ficarão bem mais leves, não tendo que suportar o peso do material necessário para suportar o atrito com as sapatas de freio.

mas a tecnologia anda a passos mais lentos do que se imaginaria. as pinças de freio a disco mecânicos pressionam o disco apenas de um lado, gerando com o tempo a deformação do disco.

a tecnologia hidráulica precisa casar direito com os atuais manetes integrados. de troca de marcha e frenagem. e além disso, é preciso mudar quadros e garfos.

ou seja, muitas mudanças significativas precisam ser feitas. e isso não é opinião apenas minha. nesse link aqui, há uma reportagem muito boa da bike rumor. o articulista testou uma estradeira com freios a disco, que falharam e ele quebrou algumas costelas. então entrou em contato com 4 fabricantes de peso na área, e leia as considerações desses fabricantes.

é sintomático que os 4 apontem problemas grandes no uso de freios a disco em bicicletas de estrada. bom, enquanto esses problemas não forem solucionados, eu continuo sonhando com freios de aro, magura, hidráulicos… enquanto isso, as ferraduras continuam extremamente eficientes, e sim, seguram o meu peso na descida de campos do jordão.

12 Respostas para “freios a disco em speeds

  1. Lendo seu texto, me lembrei de um outro que li sobre o assunto. Para as MTBs o uso do freio a disco era defendido apenas em situações de lama extrema, onde o barro se mistura no aro e dificulta a freada acabando com as sapatas dos freios. De outra forma, no mesmo texto, o freio a disco era um item que apenas aumentava o peso da bicicleta e sua eficiencia não compensava tanto (se comparado com os cantilevers/V-breake/pull-breake/pinça/etc…). Lembro dos primeiros freios hidráulicos da Magura, em meados dos anos 90, pena que seu custo não compensava (tenho revistas da época – Bici Sport – que falava deles).

  2. Bah Odir!! Me “roubou” um artigo, hahahaha!! A verdade é que a indústria ciclística está num excesso de competitividade e os caras já não sabem mais para onde ir… assim ficam atirando onde conseguem – vejam esse negócio das rodas 650B… a minha opinião já, dei tempos atrás, lá numa postagem do Pedal.com.br. O Fato é que para os fabricantes fica muito mais fácil eliminar determinadas linhas de produção e, especialmente, de concepção. Imagine que a shimano, por exemplo, não tenha mais que se preocupar com a linha de freios para speed, que passe as funções de concepção todas p/ o setor de desenvolvimento do Mtb – de onde vem a tecnologia dos freios a disco (entre outras, pensemos nos trocadores, para citar mais uma). Expanda isto p/ as linhas produtivas e bingo!! alguns milhões de dólares em economia para a empresa… É assim que funcionam, ponto.

    Fato é que jamais terei uma speed com freios a disco, seja pela funcionalidade mecânica, seja pelo design.

    abraço

  3. Achei interessante uma justificativa que eles deram para usar freio a disco e hidráulico em bicicletas de estrada, algo como “se carros e motos usam, obviamente é melhor…” Bom, eu não acho tão óbvio, principalmente dadas as diferenças. A primeira é o fator de escala. Não é porque para uma moto de 80Kg vc consegue fazer um sistema de freios a disco eficiente de 1Kg, que vc conseguirá fazer um sistema a disco de 100g para uma bicicleta de 8Kg. As escalas são bem diferentes, e o peso do condutor é o mesmo. Outra coisa é a potência. Um ciclista + bicicleta, digamos de 80Kg, desenvolve cerca de 1/2cv. Relação peso potência de 160Kg/cv. Num carro simples temos uma relação 10x menor, logo o peso extra representa muito pouco. Numa moto é menor ainda. Logo, na bicicleta o peso é muito mais importante. Terceiro temos as velocidades atingidas, carros e motos precisam de muito mais poder de frenagem. E, por último, ainda há o freio motor! Mesmo carros e motos, com freios duplos ventilados, não podem descer trechos longos confiando apenas nos freios, tem que usar o freio motor, inexistente na bicicleta. Assim, não acho nem um pouco válido usar esse argumento para a adoção de disco em bicicletas.
    A vantagem do disco que mais me atrai é ter o freio independente do aro, de forma que podemos continuar pedalando e com os freios funcionais mesmo em caso de empenar a roda durante o pedal. Infelizmente, no dia-a-dia (cicloviagens, audax, etc) me parece bem mais fácil concertar um aro empenado que um freio hidráulico com problema… Logo essa vantagem teórica acaba neutralizada.
    Eu não digo que não usaria um freio a disco na speed, mas eu tenho minhas dúvidas se é uma solução tecnicamente boa para esse caso em particular.
    PS: Alguém já testou as Specialized 2013 com disco mecânico?

  4. Vale lembrar que as ferraduras utilizadas hoje funcionam muito mal quando utilizadas em rodas de carbono. Na chuva simplesmente não freiam e no seco, mesmo utilizando sapatas específicas, o poder de frenagem é menor do que quando se utiliza aros de alumínio.
    No que concerne ao peso da bicicleta, isso não seria um problema visto que todas as bike top hoje saem com lastro para atingir os 6,8kg, mas se fosse, já foi lançado disco de freio de carbono/cerâmica que pesam apenas 45g e não propagam o calor.
    Ainda não foi lançado oficialmente mas já apareceram em competições de ciclocross (é a temporada disso atualmente na Europa) os manetes da Sram para freio a disco HIDRAULICO nas bikes de estrada e ciclocross, trata-se de um STI mais “cabeçudo” para caberem os pistões.
    Solucionado o problema de peso e aquecimento fica faltando a questão da torção de garfo e stays. Sobre isso acho que antes de um stay ou garfo de carbono se quebrarem por força da frenagem os pneus de bike deslizariam devido à pequena área de contato com o solo.
    Resumindo: eu aprovo e usaria!

    • é só não usar aros de carbono. aliás, uma temeridade na buraqueira das ruas brasileiras. o aro é um disco de 622mm. grade pra dedéu. as forças estão aplicadas em pontos melhores do que as gancheiras. aplicando as forças nas gancheiras o sentido delas muda. para se usar essa traquitana será preciso refazer tudo: garfos e quadro. obsolescência programada. e não só eu acho isso, apenas estu reproduzindo sinteticamente uma resposta do klaus poloni no meu facebook…

      • Mas ogum777, tenho certeza que o ciclismo caminha para isso!
        Resolvido o problema de aquecimento e peso, e reforçando novas áreas
        como nas Pinarello Dogma ou as Canondale Supersix Evo… que tem seus stays assimétricos, reforçados no lado direito.
        Se o sistema é mais eficiente não tem porque não usar!

      • Vinicius, Uma Dogma ou Supersix é só pros mais aba$tardo$$$ financeiramente… vamos com calma. E a eficiencia do freio a disco em bicicletas não é comprovada pra todo modelo de bicicleta.

  5. Quanto mais te leio mais fico pensando se seria possível trocar meus freios a disco da MTB por Vbrakes. Fora os dias de chuva não há motivo para usar algo tão complexo (que gasta pra caramba) e pesado na cidade.

  6. e aí odir,

    esperei vários dias ruminando o que li antes de comentar.

    inicialmente…
    não parece que a primeira foto seja quebra por conta do disco. os pivôs embaixo estão intactos! tem algum relato original ou mais fotos pra eu ver o que vc viu?
    e MTBs não são pouco exigidas quanto aos freios não – são mais! afinal, rodam em qualquer lugar que uma road roda, descem quase tão rápido quanto (pra baixo todo santo ajuda). daí que deveriam estar dando problemas, certo?

    pois é, estão!

    comigo mesmo (que não sou abusado) o óleo já superaqueceu a ponto de fazer uma parada pra “descanso/arrefecimento” numa descida medonha entre eugenópolis/mg e raposo/rj. um amigo meu conseguiu ferver de fato o óleo, que vazou na pinça traseira depois de uma série de descidas…

    mas claro, tudo isso tem jeito de resolver – materiais certos, fluido hidráulico certo, discos e pastilhas certos, etc… mas haja grana!

    com certeza essa é a reedição ciclística do causo da caneta espacial americana de 1 milhão, e da versão russa – o lápis…

    ah, que saudade dos v-brakes de 40 reaus…

  7. Agora eu entendi o que você disse naquele passeio do Gol de Letra…

    abraço

  8. Pois olhem…estou analisando a 15 dias a compra de uma MTB e hoje acabei por optar por um V BRAKE.!! pode ser que em dias de chuva e com lama a eficiencia seja menor mas colocando na balanca optei por um V brake.

    • Miguel, dependendo das sapatas de freio, a perda de eficiência é minima.

      E por experiencia própria: já passei aperto com freios a disco sob chuva, motivo: Óleo… óleo que cai no asfalto e depois se “junta” à água da chuva e acaba por espirrar nas partes da bike, incluindo os freios.

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