TDF 8ª e 9ª etapas: o jogo começou.

8ª etapa, montanha – não as piores do tour, mas os morrinhos já fizeram seu estrago – e eu queimo minha língua depois da 8ª etapa.

vinokourov ataca

queimo e assumo. não esperava que thor hushovd mantivesse a camisa amarela. manteve. surpreendentemente manteve. mas não estou com a minha língua queimada sozinha. até os comentaristas das tvs estrangeiras surpreenderam. hushovd pesa 84 kg, cadel evans pesa 64 kg. peso morro acima faz diferença, eu que o diga.

no fial vinokourov fez um belo ataque. esperava-se que ao menos chegasse em segundo lugar, mas o pelotão alcançou-o , subindo a uma velocidade alucinante. vimos quem é quem na disputa. cadel evans, marcado o tempo todo, chegou bem. alberto contador, em dois ataques pequenos foi imediatamente marcado por andy schleck e cadel evans, entre outros. o que significa que, mesmo estando mais de um minuto atrás de andy schleck e cadel evans, suas chances são reais.

rui costa, o vencedor

a etapa foi vencida por rui alberto faria da costa, atleta português da equipe movistar. no final do dia, por mais incrível que parecesse, thor hushovd manteve a camisa amarela… a camisa verde ficou com p. gilbert e van garderen assumiu a camisa de bolas vermelhas.

mas então veio a 9ª etapa. de issoire a saint-flour, etapa com uma sucessão de metas de montanha. uma etapa cheia de contratempos.

uma etapa cheia de imprevistos, tombos, abandonos.

primeiro um tombo esquisito de alberto contador. coloco o vídeo abaixo, um vídeo um tanto tosco mas que já está na net:

vejam que à esquerda parece que alberto contador foi empurrado para fora.

depois um tombo grande no pelotão, na descida da segunda montanha do dia, que causou muitos abandonos. uma pena. abandonaram com  com prováveis fraturas:  vinokourov (fêmur), willens (clavícula), zabriskie (pulso), van den broeck (omomplata). a corrida seguiu.

com tantos tombos, o pelotão neutralizou-se por algum tempo, ou seja, passou a andar em velocidade lenta para dar tempo aos caídos de se recuperarem e alcançarem-no novamente. é um ditame da ética dos pelotões.

a perna de hoogerland

por fim, um carro atropela flecha e hoogerland. um carro vai ultrapassar a fuga e derruba hoogerland e flecha que caem, muito mas muito machucados. continuarão na prova, mas claro, chegando com tempos ruins. serão passados pelo pelotão e ficarão para trás.

olhem no vídeo abaixo:

impressionante. um carro da tv francesa faz uma ultrapassagem errada e causa isso. um nítido erro de avaliação do motorista. não vemos carros das equipes fazendo isso pois são todos pilotados por ex-ciclistas. mas nesse caso vemos claramente que  o motorista não tinha idéia da velocidade na qual pode andar uma bicicleta. notou o ciclista voando para a cerca de arame farpado?

voeckler, emocionado.

a fuga acabou vingando. luís-leon sanchez venceu, seguido por t. voeckler e sandy casar. thomas voeckler assumiu a camisa amarela. emocionado, era visível a sua alegria. o último francês a vencer um TDF foi bernard hinault, em 1985, e a frança acostumou-se a ver estrangeiros triunfando.  a camisa verde permaneceu com p. gilbert, e a camisa de bolas vermelhas é agora usada por hoogerland, o mesmo hoogerland atropelado, que também ganhou o prêmio de ciclista mais combativo da etapa. merecidamente. notem seu choro na premiação, bem como as ataduras nas pernas. notem também o andar manco, a dificuldade de colocar a camisa. dor, física e psicológica. quem foi atropelado por um carro consegue entender o que passa em sua cabeça.

amanhã é dia de descanso. não há prova. claro, o descanso dos ciclistas é o descanso ativo. pedalarão, mas alguma coisa mais leve, algo entre 60 ou 100 kms, cada equipe tem seu descanso-treino. hoje já se sabe que o descanso ativo é melhor que o descanso passivo, aquele no qual o atleta fica parado. mas como é dia de descanso dorme-se até mais tarde, pedala-se pouco, sem pressão por resultado..

terça o tour recomeça, com uma etapa plana. amanhã coloco um post sobre a prova. por hora, dia de descanso.

8 Respostas para “TDF 8ª e 9ª etapas: o jogo começou.

  1. Me pareceu que o carro resolveu “dar uma desviadinha” de uma árvore… “Deixa eu fazer rápido, assim não tem probl… oops! Melhor vazar e dizer que não vi o ciclista!”

  2. Realmente um erro de avaliação do motorista. Mas os motoristas das TVs deviam ser longamente instruídos sobre isso, né?

    • sim. motoristas de carros das equipes via de regra são ex-ciclistas. tanto que os ciclistas confiam em pegar seuvácuo pois sabem que nunca freiarão bruscamente, preferindo bater à frente. já motoristas das redes de tv, infelizmente, não….

  3. Me lembrou alguns motoristas de são paulo, e olhando em câmera lenta dá pra perceber que o carro não ia bater na árvore, no máximo o retrovisor. É uma ameba mesmo.

  4. Uma coisa muito chata é que um dos comentaristas na ESPN no Brasil disse q foi uma fatalidade.
    WTF!
    Até no Tour a gente tem q gritar ‘nao foi acidente’?
    Fatalidade o #$ ! foi total falta da avaliação do motorista infeliz.
    Vi ao vivo o lance, tanto pela ESPN como pela EuroSport (pela internet, ambas). Notória a diferença da qualidade dos comentários.
    E uma infelicidade esse acidente.

  5. Pingback: Hoogerland é o cara « FIXA SAMPA

  6. Eu não vi a transmissão pela ESPN, mas para quem viu acho que cabe mandar um e-mail pra eles. É a mídia firme na sua missão de deseducar, chamando de fatalidade o que o mundo inteiro está chamando de ‘reckless driving’ e até de ‘assault with a deadly weapon’ (não sei traduzir apropriadamente).

    Enquanto isso, Johnny Hoogerland está sendo considerado ‘herdeiro’ de Jens Voigt.

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